"Nunca é tarde demais para ser o que você poderia ter sido."

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A construção do meu rito


Decidi publicar meu trabalho de práticas corporais na íntegra, já que tirei um EXCELENTE numa disciplina polêmica e super difícil. Foi uma grande superação ter concluído esta matéria com uma nota máxima, Me sinto orgulhosa e com mais certeza de que estou no caminho certo. Compartilho agora este trabalho cujo esforço e superação foram o ápice da minha capacidade semestre passado.

Por Maira Tupinambá
Ophelia
Ophelia era uma noiva de Deus
Carmelita novata,
Nas celas da irmã, os sinos da clausura,
Soados na noite de seu casamento
Ophelia era a menina rebelde,
Uma sufragista de meia calça azul
Que curou a sociedade entre seus cigarros
E Ophelia era a queridinha de uma nação noturna
Coxas curvilíneas, olhos vivazes,
Era amor à primeira vista,
Ophelia era uma semi-deusa
Na Babilônia antes da guerra
Tão como estátua, uma silhueta
Em vestidos de noite de cetim preto
Ophelia era a amante para um jogador de Vegas
Signora Ophelia Maraschina
Cortesã de máfia
Ophelia era a rainha de circo, a bala de canhão feminina,
Projetada através de cinco arcos flamejantes
Para o aplauso selvagem e chocado
Ophelia era uma tempestade, ciclone, um maldito furacão,
Seu bom senso, sua melhor defesa desperdiçada e em vão
Por Ophelia saber toda sua aflição e toda dor que você tivesse
Ela se simpatizaria e secaria seus olhos
E o ajudaria a esquecer
A mente de Ophelia imaginava
Que você desejaria saber onde ela tinha ido
Para portas secretas pelos corredores
Ela os vagaria sozinha
Todos sozinha

OPHELIA , é um hino estranhamente ambivalente para qualquer mulher, a Anima*, vulnerável e inviolável, traidora e traída.
*a anima é o lado feminino de um homem, é uma das grandes obras da vida de um homem para tentar se relacionar com essa mulher.  
OBSERVAÇÃO:
Maira
Sua narrativa, em forma de versos ou como você denomina “hino estranhamente ambivalente”, é altamente reveladora e nos fazer pensar sobre questões extremamente intimas. Esse é o caminho do rito pessoal. É com essa força poética que você deve realizar o rito; em outras palavras: essa oração é a sua profissão de fé, executada intimamente, no momento da realização do rito. Abstraia as partituras e oriente-se, no momento da execução das mesmas, pelos elementos que constituem sua “metáfora potencialmente reveladora”, isto é, o hino a Ophelia.
Também peço que você desenvolva agora uma narrativa livre acerca dessa personagem, articulando-a com o Teatro ou com o oficio do Ator, isto é, no fazer teatral quem é Ophelia? O que significa, no Teatro, ser Ophelia?  
Prof. Edson.   

O que significa, no teatro, ser Ophelia.
Levando em conta que a Imagem Corporal é um processo contínuo, que vai do nascimento até a finitude, se moldando e sendo moldada através das relações, do meio, das circunstâncias (e que pode na verdade já começar a existir antes mesmo da concepção do indivíduo - pois já vem inscrita no desejo dos pais), o presente rito tem como objetivo demonstrar que a arte  – linguagem do “Fazer Teatral”  – pode contribuir para ressignificar continuamente essa imagem corporal, permeando pelo lúdico, pela sensibilidade, independente da razão; permitindo o jogo simbólico e possibilitando ao sujeito “exorcizar” seus fantasmas, suas angústias, através da criatividade e da imaginação. Criei um paralelo baseado na Ophelia de William Shakespeare e na música Ophelia de Natalie Merchant, um de meus elementos utilizados no rito.
Ofélia era a heroína apaixonada por Hamlet. Ofélia é uma personagem torcida entre o amor e a lealdade, possuidora de uma submissão e de um desejo contrastantes que a levariam à loucura.
 Ophelia é a narrativa de uma Atriz, suas paixões, suas limitações e tudo aquilo que se dispõe para fazer teatro. As angústias, expectativas e superações.
As partituras revelam a força dos sentimentos de “querer fazer”, sobrepondo-se às limitações de um corpo que se encontra diferente, cansado e repleto de dificuldades.
Os movimentos representam oscilações psico-físicas:
1-   A luta diária dividida entre o trabalho e o Teatro;
2-   A estafa;
3-   A auto-afirmação “se eu quero, eu posso e consigo”.
4-   A força para não desistir e se reerguer;
5-   As superações;
6-   O recomeçar a cada dia.



Quem é Ophelia no fazer teatral. (narrativa livre)
Inspirada na Ophelia de William Shakespeare.
Ofélia era a heroína apaixonada por Hamlet.
 Ofélia é uma personagem torcida entre o amor e a lealdade.
Possuidora de uma submissão e de um desejo contrastantes, que a levariam à loucura.
Proponho aqui uma Ofélia paralela.
Com angústias, expectativas e superações desde quando queria ser atriz.
Com paixões, limitações e quase louca com a correria diária.
E porque tudo isto? Por amor ao teatro.
São muitas as dúvidas sobre suas capacidades.
São inúmeras as lamentações por estar com um corpo repleto de limitações.
Um corpo diferente. Cansado pela vida e suas surpresas.
Um corpo que não aceita estar assim, e por isso luta contra suas imperfeições.
Um corpo que supera limites diariamente.
Um corpo que morre assim que nasce a atriz.
Esta Ophelia é vulnerável e inviolável.
Traidora quando se torna indisciplinada.
E traída quando o Teatro exige muito além.
Ophélia é aqui, uma heroína apaixonada pelo Teatro.
Ophélia é toda a Atriz que supera suas dificuldades por amor ao Teatro.


Aprendi com o meu rito pessoal.
Exercitando nossas inteligências física, mental e emocional, tornamos nossos corpos mais livres, nossas mentes mais alertas e nossos corações mais receptivos.
Por tudo isso, nos tornamos mais forte. Sinto- me mais forte.


 Morte da Ophelia >>>>Morte do corpo para o nascimento da atriz.





Maira Tupinambá

Decupagem das partituras dramáticas pesquisadas e elaboradas em sala de aula






                            

AVALIAÇÃO CONTINUADA – 1
Considerando a competência especifica da disciplina Práticas Corporais – Exercitar e aprimorar os elementos estruturais para composição de partituras dramáticas, tais como: distribuição de peso, esforço, equilíbrio, foco, atenção, sustentação, base e apoios – execute as seguintes questões abaixo:


1 – Decupagem das partituras dramáticas pesquisadas e elaboradas em sala de aula:
Segundo Patrice Pavis (2003, p.86-7), a decupagem “[...] é uma tomada de consciência do modo de fabricação da obra e do sentido.” Admitindo vários modos de decupagem (desde a decupagem exterior dos elementos cênicos até a decupagem conforme o Gestus), o termo em Pavis, oferece-nos a possibilidade de investigar a obra cênica também pelo viés das partituras. Desse modo, proceda a minuciosa análise de suas partituras dramáticas criadas em sala de aula, até então, descrevendo-as tendo como referenciais as noções de distribuição de peso, equilíbrio, foco especifico, atenção na respiração, base e apoios musculares.

Partitura 1 – Plano alto com foco específico a frente; base com quadril encaixado, tórax rotacionado para direita e com as pernas flexionadas e afastadas, distribuição do peso equilibrado em ambas as pernas; braços direito e esquerdo flexionados junto ao tórax, palma das mãos estendida com os dedos unidos e apontando na mesma direção do braço.
Deslocamento: tronco rotaciona para a esquerda, peso do corpo continua distribuído na base das duas pernas. Tronco rotaciona para a direita, peso do corpo com a mesma distribuição de peso para as duas pernas.
Partitura 2 - Plano médio, foco específico em direção ao plano baixo, tronco inclinado quarenta e cinco graus.
Deslocamento: Braço esquerdo estica até a mão esquerda tocar o pé direito. Tronco rotaciona para direita, peso do corpo continua distribuído na base das duas pernas. Tronco rotaciona para esquerda braço direito estica até a mão direita tocar o pé esquerdo. Tronco rotaciona para o centro, tronco eleva-se até o plano médio as mãos sobem fechadas até a altura do quadril.
Partitura 3 – Plano alto com foco para frente. Base com quadril encaixado, pernas levemente flexionadas e afastadas, distribuição do peso equilibrado em ambas as pernas; braços semi-flexionados com as mãos fechadas na altura do quadril próximas à virilha.
Deslocamento: Perna esquerda flexiona e desloca para trás. Braços lançados a frente com as mãos fechadas e sobem esticados. Tronco rotaciona no sentido anti horário foco para trás, braços descem até a altura do peito; flexionam –se os braços trazendo as mãos (ainda fechadas) para junto do peito.
Partitura 4 – Plano médio, foco para o chão; braços lançados para baixo, esticados com mãos ainda fechadas, em direção ao pé esquerdo.
Deslocamento: Foco entre as mãos, tronco sobe para o plano médio com leve inclinação acompanhando os braços esticados e girando em sentido horário. Pés giram acompanhando o movimento.
Partitura 5 – Plano médio; foco para o chão; tronco inclinado quarenta e cinco graus; braços lançados para frente próximos ao pé direito; pernas afastadas uma a frente da outra, pé direito apontando para frente, pé esquerdo apontando para o lado esquerdo formando um ângulo de noventa graus.
Deslocamento: Foco entre as mãos, tronco sobe até o plano alto os braços sobem esticados, com as mãos fechadas e punhos virados para baixo até a altura do quadril. Punhos rotacionam para cima, flexionam-se os braços até que as mãos fiquem próximas à cintura.
Partitura 6 - Plano alto; foco para frente; pernas afastadas uma a frente da outra, pé direito apontando para frente, pé esquerdo apontando para o lado esquerdo formando um ângulo de noventa graus. Punhos rotacionados para cima, braços flexionados com as mãos próximas à cintura.
Deslocamento: Foco à frente e quadril encaixado; braços esticam com os punhos rotacionando para baixo e flexionam rotacionando os punhos para cima; repete-se o movimento por três vezes; o tronco irá inclinar quarenta e cinco graus a frente e voltar a base original, acompanhando em sincronia os braços; busca-se a distribuição do peso na base.
Partitura 7 - Plano baixo; foco para o chão; braços soltos ao longo do corpo; pernas afastadas uma a frente da outra, pé direito apontando para frente, pé esquerdo apontando para o lado esquerdo formando um ângulo de noventa graus.
Deslocamento: Desloca-se a perna esquerda para frente de modo que fique paralela às direita; tronco acompanha o movimento da perna girando no sentido horário; tronco sobe lentamente acompanhando o desenrolar da coluna e por último levantando a cabeça; encaixa o quadril, tórax rotaciona para direita e com as pernas flexionadas; braços direito e esquerdo flexionam-se junto ao tórax, palma das mãos se estendem com os dedos unidos e apontam na mesma direção do braço.
Recomeça a partitura 1

  









sexta-feira, 9 de setembro de 2011

De Elizabeth à Paris Fashion Week

Período Elisabetano ou Período Isabelino 

É o período associado ao reino da rainha Isabel ou Elizabeth I (1558-1603) 
e considerado frequentemente uma era dourada da história inglesa. 
Esta época corresponde ao ápice da renascença inglesa, 
na qual se viu florescer a literatura e a poesia do país. 
Este foi também o tempo durante o qual o teatro elizabetano cresceu 
e Shakespeare, entre outros, escreveu peças que rompiam 
com o estilo a que a Inglaterra estava acostumada. 
Foi um período de expansão e da exploração no exterior, 
enquanto no interior a Reforma Protestante era estabelecida 
e defendida contra as forças católicas do continente.


  
 A Rainha Elizabeth I se inspirava na moda francesa, 
italiana, espanhola e holandesa.
 Havia mais opulência nas peças, pulsos e a gola com babados evoluiu 
para rufos imensos houve o aparecimento do farthingale (armação de saia). 


 O estilo espanhol só não era predominante na França e na Itália. 
Roupas pretas eram usadas em ocasiões solenes. 
O corpete usado sobre os espartilhos era em forma de V, 
as mangas tinham forros contrastantes, 
as saias eram abertas na frente mostrando anáguas bordadas. 


Uma imagem do traje elizabetano é a obra 
"Rubens e sua esposa Isabella Brant" 


 Os homens usavam gibão, camisa com colarinho e pulsos com babados,
 jaqueta sem manga,  usavam uma espécie de meias calças, capa era indispensável,
mandilion, sapato arredondado ou botas que começavam a ter saltos 
e eram justas e até a altura das coxas e chapéu.

A peça mais característica desse período foi o rufo, uma espécie de gola armada de renda, arredondada, que fazia uma volta por todo o pescoço, geralmente possuía várias camadas, era usada pelas mulheres, embora homens de alta magistratura também as usassem. Mais tarde essas golas foram diminuindo dando origem ás golas caídas de tecido liso com pouca renda, geralmente brancas.

Estilo Elizabetano




A Rainha Elizabete inovou na moda e influenciou o mundo inteiro 
desde suas roupas até a cor dos cabelos vermelhos.
Nesse século vê-se os tecidos encorpados, com tons de vermelho, amarelo e verde.

O corpete acabado em bico, na cintura. A saia do vestido com muito volume.
A fim de exemplificar, tomo o parâmentro do figurino da Rainha de Copas, 

do filme "Alice no país das maravilhas" de Tim Burton. 
O figurino dela foi inspirado no período Elizabetano, com mangas e saia bufantes. 



A Tempestade (The Tempest): para este filme, Sandy Powell buscou inspiração na peça harmônica de Shakespeare, com o mesmo nome e passada no século 16 ou 17. Neste filme, ela pode ousar um pouco mais e conseguiu extrapolar alguns limites impostos pelo peso do clássico.





Influências Atuais

Para deixar o inverno ainda mais elegante, as estilistas da Condessa buscam inspiração no período Elizabetano, aonde a coleção outono/inverno 2010 traduz o espírito de uma época marcada pelos encantos femininos, revelados sutilmente em detalhes, evidenciando o poder da mulher.



Estilizando...

O traje de Iris Van Herpen apresentou uma gola estilizada no estilo Elizabetano, 
com tiras de metal estruturado e sobrepostas em várias camadas, 
sobre vestido de borracha canelada com listras de franjas azuis.
(Look da passarela da Paris Fashion Week)


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Performance: A Noiva.




DOSSIÊ
Por: Maira Tupinambá

Performance:  A Noiva.

A Rede Teórica: Dentro dos aspectos centrais da performance da Noiva, podem ser discutidos os desdobramentos de espaço, significado com três elementos centrais, a igreja, a praça e o supermercado, e o tempo, abstrato no sentido de codificar as memórias e esperanças da Noiva e segundo Schechner, enquanto princípios e qualidades da performance no quesito tempo a performance utilizou o tempo flexível no sentido de não haver uma delimitação temporal e o próprio andamento da performance prolongar ou retardar sua duração . A igreja é um lugar simbólico, o ponto maior da performer, por todo o caráter representativo que esse lugar tem relacionado à identidade da Noiva; o supermercado e a praça, bem como as ruas pelas quais a performer andou, como lugar do não cotidiano, do causar estranhamento, como exemplos a Noiva comprar pilhas e tomar água de coco, provocando diversas reações nos transeuntes, algumas já esperadas como um fator de completar a performance, exemplos: pedidos de casamento, oferecimento de alianças, congratulações e desejo de uma boa vida após o casamento, tal como se faz com uma Noiva “de verdade”
Não que pese em planejamento, aspecto previamente esclarecido, mas ao acaso e as abordagens das pessoas presentes nos locais, observamos o aspecto da Completude, indicado numa espécie de cortejo, quando a Noiva caminha pela cidade a procura do noivo e para na porta da igreja falando ao celular. Isso posteriormente tornou-se foco de curiosidade e especulação alheia, trazendo-as até a performer para esclarecimentos. É um comercial? É uma pegadinha? É verdade mesmo, você esta esperando um noivo em uma igreja vazia?
Os aspectos anteriores e as Qualidades da Performance anteriormente citadas, culminam na chamada Realidade Simbólica. O ficcional é representado na figura da Noiva de óculos escuros e sapatos rosa - choque, fugindo em parte do visual clássico e já causando reações que se projetam no extra-cotidiano, espacial com o estranhamento da performer e os consumidores do supermercado ou as pessoas que passeavam pela praça.
O diálogo observado seria com o Happining, pelo fato das pessoas pararem suas atividades conforme a performance cruzava seu caminho cotidiano, transformando-o em não-cotidiano. Foi um “acontecimento” daqueles que serão contados e reproduzidos a partir das pessoas que viram tal “fato”.


Desenvolvimento Histórico da didática e tendências pedagógicas

Este texto enoooorme, eu mesma digitei, é do José Carlos Libâneo, serve de base para o conhecimento pedagógico em geral. Bom estudo!!



A história da Didática está ligada ao aparecimento do ensino – no decorrer do desenvolvimento da sociedade, da produção e das ciências como atividade planejada e intencional dedicada à instrução.
Desde os primeiros tempos existem indícios de formas elementares de instrução e aprendizagem. Sabemos, por exemplo, que nas comunidades primitivas os jovens passam por um ritual de iniciação para ingressarem nas atividades do mundo adulto. Pode-se considerar esta uma forma de ação pedagógica, embora aí não esteja presente o didático como forma estruturada de ensino.
Na chamada antiguidade Clássica (gregos e romanos) e no período medieval também se desenvolvem formas de ação pedagógica, em escolas, mosteiros, igrejas, universidades. Entretanto, até meados do século XVII não podemos falar de didática como teoria do ensino, que sistematize o pensamento didático e o estudo científico das formas de ensinar.
O termo “didática” aparece quando os adultos começam a intervir na atividade de aprendizagem das crianças e jovens através da direção deliberada e planejada do ensino, ao contrário da formas de intervenção mais ou menos espontâneas de antes.  Estabelecendo-se uma intenção propriamente pedagógica na atividade de ensino, a escola se torna uma instituição, o processo de ensino passa a ser sistematizado conforme níveis, tendo em vista a adequação às possibilidades das crianças, às idades e ritmo de assimilação dos estudos.
A formação da teoria didática para investigar as ligações entre ensino e aprendizagem e suas leis ocorre no século XVII, quando João Amós Comênio (1592-1670), um pastor protestante, escreve a primeira obra clássica sobre didática, a Ditacta Magna.
Ele foi o primeiro educador a formular a idéia da difusão dos conhecimentos a todos e criar princípios e regras do ensino.
Comênio desenvolveu idéias avançadas para a prática educativa nas escolas numa época em que surgiam novidades no campo da filosofia e das ciências e grandes transformações nas técnicas da produção, em contraposição às idéias conservadoras da nobreza e do clero. O sistema de produção capitalista, ainda incipiente, já influenciava a organização da vida social, política e cultural.
A didática de Comênio se assentava nos seguintes princípios:
1)   A finalidade da educação é conduzir à felicidade eterna com Deus, pois é uma força poderosa de regeneração da vida humana. Todos os homens merecem a sabedoria, a moralidade e a religião, porque todos, ao realizarem sua própria natureza, realizam os desígnios de Deus. Portanto, a educação é um direito natural de todos.
2)   Por ser parte da natureza, o homem deve ser educado de acordo com o seu desenvolvimento natural, isto é, de acordo com as características de idade e capacidade para o conhecimento. Consequentemente, a tarefa principal da didática é estudar essas características e os métodos de ensino correspondentes, de acordo com a ordem natural das coisas.
3)   A assimilação dos conhecimentos não se dá instatâneamente, como se o aluno registrasse de forma mecânica na sua mente a informação do professor, como reflexo num espelho. No ensino, ao invés disso, tem um papel decisivo a percepção sensorial das coisas. Os conhecimentos devem ser adquiridos a partir da observação das coisas e dos fenômenos, utilizando e desenvolvendo sistematicamente os órgãos dos sentidos.

O método intuitivo consiste, assim, da observação direta, pelos órgãos dos sentidos, das coisas, para o registro das impressões na mente do aluno. Primeiramente as coisas, depois as palavras. O planejamento de ensino deve obedecer o curso da natureza infantil; por isso as coisas devem ser ensinadas uma de cada vez. Não se deve ensinar nada que a criança não possa compreender. Portanto, deve-se partir do conhecido para o desconhecido.
Apesar da grande novidade destas idéias, principalmente dando um impulso ao surgimento de uma teoria do ensino, Comênio não escapou de algumas crenças usuais na época sobre ensino. Embora partindo da observação e da experiência sensorial, mantinha-se o caráter transmissor do ensino; embora procurando adaptar o ensino às fases do desenvolvimento infantil, mantinha-se o método único e o ensino simultâneo a todos. Além disso, sua idéia de que a única via de acesso dos conhecimentos é a experiência sensorial com as coisas não é suficiente, primeiro porque nossas percepções frequentemente nos enganam, segundo, porque já há uma experiência social acumulada de conhecimentos sistematizados que não necessitam ser descobertos novamente.
Entretanto, Comênio desempenhou uma influência considerável, não somente porque empenhou-se em desenvolver métodos da instrução mais rápidos e eficientes, mas também porque desejava que todas as pessoas pudessem usufruir dos benefícios do conhecimento.
Sabemos que, na história, as idéias, principalmente quando são muito inovadoras para época, costumam demorar para terem efeito prático. No século XVII, em que viveu Comênio, e nos séculos seguintes, ainda predominavam práticas escolares da Idade Média: ensino intelectualista, verbalista e dogmático, memorização e repetição mecânica e repetição mecânica dos ensinamentos do professor. Nessas escolas não havia espaço para idéias próprias dos alunos, o ensino era separado da vida, mesmo porque ainda era grande o poder da religião na vida social.
Enquanto isso, porém, foram ocorrendo intensas mudanças nas formas de produção, havendo um grande desenvolvimento da ciência e da cultura. Foi diminuindo o poder da nobreza e do clero e aumentando o da burguesia. Na medida em que esta se fortalecia como classe social, disputando o poder econômico e político com a nobreza, ia crescendo também a necessidade de um ensino ligado às exigências do mundo da produção e dos negócios e , ao mesmo tempo, um ensino que contemplasse o livre desenvolvimento das capacidades e interesses individuais.
Jean Jacques Rousseau(1712-1778) foi um pensador que procurou interpretar essas aspirações, propondo uma concepção nova de ensino, baseada nas necessidades e interesses imediatos da criança.
As idéias mais importantes de Rousseau são as seguintes:
1)   A preparação da criança para vida futura deve basear-se no estudo das coisas que correspondem às suas necessidades e interesses atuais. Antes de ensinar as ciências, elas precisam ser levadas a despertar o gosto pelo seu estudo. Os verdadeiros professores são a natureza, a experiência e o sentimento. O contato da criança com o mundo que a rodeia é que desperta o interesse e suas potencialidades naturais. Em resumo: são os interesses e necessidades imediatas do aluno que determinam a organização do estudo e seu desenvolvimento.
2)   A educação é um processo natural, ela se fundamenta no desenvolvimento interno do aluno. As crianças são boas por natureza, elas têm uma tendência natural para se desenvolverem.
Rousseau não colocou em prática suas idéias e nem elaborou uma teoria de ensino. Essa tarefa coube a um outro pedagogo suíço, Henrique Pestalozzi (1746-1827), que viveu e trabalhou até o final da vida na educação de crianças pobres, em instituições dirigidas por ele próprio. Deu uma grande importância ao ensino como meio de educação e desenvolvimento das capacidades humanas, como cultivo do sentimento, da mente e do caráter.
 Pestalozzi atribuía grande importância ao método intuitivo, levando os alunos a desenvolverem o senso de observação, análise dos objetos e fenômenos da natureza e a capacidade da linguagem, através da qual se expressa em palavras o resultado das observações. Nisto consistia a educação intelectual. Também atribuía importância fundamental à psicologiada criança como fonte do desenvolvimento do ensino.
As idéias de Comênio, Rousseau e Pestalozzi influenciaram muitos outros pedagogos. O mais importante deles, foi Johann Friedrich Herbart (1766-1841), pedagogo alemão que teve muitos discípulos e que exerceu influência relevante na Didática e na prática docente. Foi e continua sendo inspirador da pedagogia conservadora – conforme veremos- mas  suas idéias precisam ser estudadas por causa da sua presença constante nas salas de aula brasileiras. Junto com uma formulação teórica dos fins da educação e da pedagogia como ciência, desenvolveu uma análise do processo psicológico-didático de aquisição de conhecimentos, sob a direção do professor.
Segundo Herbart, o fim da educação é a moralidade, atingida através da instrução educativa. Educar o homem significa instruí-lo para querer o bem, de modo que aprenda a comandar a si próprio. A principal tarefa da instrução é introduzir idéias corretas na mente dos alunos. O professor é um arquiteto da mente. Ele deve trazer á atenção dos alunos aquelas idéias que deseja que dominem suas mentes. Controlando os interesses dos alunos, o professor vai construindo uma massa de idéias na mente, que por sua vez vão favorecer a assimilação de idéias novas. O método de ensino consiste em provocar a acumulação de idéias na mente da criança.
Hertbart estava atrás também da formulação de um método único de ensino, em conformidade com as leis psicológicas do conhecimento. Estabeleceu, assim, quatro passos didáticos que deveriam ser rigorosamente seguidos: o primeiro seria a preparação e apresentação da matéria nova de forma clara e completa, que denominou clareza; o segundo seria a associação entre idéias antigas e novas; o terceiro, a sistematização dos conhecimentos, tendo em vista a generalização; finalmente, o quarto seria a aplicação, o uso dos conhecimentos adquiridos através de exercícios, que denominou método. Posteriormente, os discípulos de Herbart desenvolveram mais a proposta dos passos formais, ordenando-os em cinco: preparação, apresentação, assimilação, generalização e aplicação, fórmula esta que ainda é utilizada pela maioria dos nossos professores.
O sistema pedagógico de Herbart e seus seguidores – chamados de herbartianos- trouxe esclarecimentos válidos para a organização da prática docente de ensino, a exigência de compreensão dos assuntos estudados e não simplesmente memorização, o significado educativo da disciplina na formação de caráter. Entretanto, o ensino como repasse de idéias do professor para a cabeça do aluno; os alunos devem compreender o que o professor transmite, mas apenas com a finalidade de reproduzir a matéria transmitida. Com isso, a aprendizagem se torna mecânica, automática, associativa, não mobilizando a atividade mental, a reflexão e o pensamento independente e criativo dos alunos.
As idéias pedagógicas de Comênio, Rousseau, Pestalozzi e Herbart- além de muitos outros que não pudemos mencionar- formaram as bases do pensamento pedagógico europeu, difundindo-se depois por todo o mundo, demarcando as concepções pedagógicas que hj são conhecidas como pedagogia Tradicional e Pedagogia Renovada.
A Pedagogia Tradicional, em suas várias correntes, caracteriza as concepções de educação onde prepondera a ação de agentes externos na formação do aluno, o primado do objeto de conhecimento, a transmissão do saber constituído na tradição e nas grandes verdades acumuladas pela humanidade e uma concepção de ensino como impressão de imagens propiciadas ora pela palavra do professor ora pela observação sensorial. A Pedagogia Renovada agrupa correntes que advogam a renovação escolar, opondo-se à Pedagogia Tradicional. Entre as características desse movimento destacam-se: a valorização da criança, dotada de liberdade, iniciativa e de interesses próprios e, por isso mesmo, sujeito da sua aprendizagem e agente do seu próprio desenvolvimento; tratamento científico do processo educacional, considerando as etapas sucessivas do desenvolvimento biológico e psicológico: respeito às capacidades e aptidões individuais, individualização do ensino conforme os ritmos de aprendizagem; rejeição de modelos adultos em favor da atividade de expressão da criança.
O movimento de renovação da educação, inspirado nas idéias de Rousseau, recebeu diversas denominações, como educação nova, escola nova, pedagogia ativa, escola do trabalho. Desenvolveu-se como tendência pedagógica no início do século XX, embora nos séculos anteriores tenham existido diversos filósofos e pedagogos que propugnavam a renovação da educação vigente, tais como Erasmo, Rabelais, Montaigne à época do Renascimento e os já citados Comênio (séc. XVII), Rousseau e Pestalozzi (no séc. XVII). A denominação Pedagogia Renovada se aplica tanto ao movimento da educação nova propriamente dito, que inclui a criação de “escolas novas”, a disseminação da pedagogia ativa e dos métodos ativos, como também as outras correntes que adotam certos princípios de renovação de renovação educacional mas sem vínculo direto com a Escola Nova; citamos, por exemplo, a pedagogia científico-espiritual desenvolvida por W. Dilthey e seus seguidores, e a pedagogia ativista-espiritualista católica.
Dentro do movimento escolanovista, desenvolveu-se nos Estados Unidos uma de suas destacadas correntes, a Pedagogia Pragmática ou Progressivista, cujo principal representante é John Dewey (1859-1952). As idéias desse brilhante educador exerceram uma significativa influência no movimento da Escola Nova na América Latina e , particularmente, no Brasil. Com a liderança de Anísio Teixeira e outros educadores, formou-se no início da década de 30 o Movimento dos Pioneiros da Escola Nova, cuja atuação foi decisiva na formulação da política educacional, na legislação, na investigação acadêmica e na prática escolar.
Dewey e seus seguidores reagem à concepção herbartiana da educação pela instrução, advogando a educação pela ação. A escola não é uma preparação para a vida, é a própria vida; a educação é o resultado da interação entre o organismo e o meio através da experiência e da reconstrução da experiência. A função mais genuína da educação é a de prover condições para promover e estimular a atividade própria do organismo para que alcance seu objetivo de crescimento e desenvolvimento. Por isso, a atividade escolar deve centrar-se em situações de experiência onde são ativadas as potencialidades, capacidades, necessidades e interesses naturais da criança. O currículo não se baseia nas matérias de estudo convencionais que expressam a lógica do adulto, mas nas atividades e ocupações da vida presente, de modo que a escola se transforme num lugar de vivência daquelas tarefas requeridas para a vida em sociedade. O aluno e o grupo passam a ser o centro de convergência do trabalho escolar.
O movimento escolanovista no Brasil se desdobrou em várias correntes, embora a mais predominante tenha sido a progressivista. Cumpre destacar a corrente vitalista, representada por Montessori, as teorias cognitivistas, as teorias fenomenológicas e especialmente a teoria interacionista baseada na psicologia genética de Jean Piaget. Em certo sentido, pode-se dizer também que o tecnicismo educacional representa a continuidade da corrente progressivista, embora retemperado com as contribuições da teoria behaviorista e da abordagem sistêmica do ensino.
Uma das correntes da Pedagogia Renovada que não tem vínculo direto com o movimento da Escola Nova, mas que teve repercussões na pedagogia brasileira, é chamada Pedagogia Cultural. Trata-se de uma tendência ainda pouco estudada entre nós. Sua característica principal é focalizar a educação como fato da cultura, atribuindo ao trabalho docente a tarefa de dirigir e encaminhar a formação do educando pela apropriação de valores culturais. A Pedagogia Cultural a que nos referimos tem sua afiliação na pedagogia científico-espiritual desenvolvida por Guilherme Dilthey (1833-1911) e seguidores como Theodor Litt, Eduad Spranger e Hermann Nohl. Tendo-se firmado na Alemanha como uma sólida corrente pedagógica, difundiu-se em outros países da Europa, especialmente na Espanha, e daí para a América Latina, influenciando autores como Lorenzo Luzuriaga, Francisco Larroyo, J. Roura-Parella, Ricardo Nassife, no Brasil, Luís Alves de Mattos e Onofre de Arruda Penteado Junior. Numa linha distinta das concepções escolanovistas, esses autores se preocupam em superar as oposições entre a cultura subjetiva, entre o individual e o social, entre o psicológico e o cultural. De um lado, concebem a educação como atividade do próprio sujeito, a partir de uma tendência interna de desenvolvimento espiritual; de outro, consideram que os indivíduaos vivem num mundo sócio-cultural, produto do próprio desenvolvimento histórico da sociedade. A educação seria, assim, um processo de subjetivação da cultura, tendo em vista a formação da vida interior, a edificação da personalidade. A pedagogia da cultura quer unir as condições externas da vida real, isto é, o mundo objetivo da cultura, à liberdade individual, cuja fonte é espiritualidade, a vida interior.
O estudo teórico da Pedagogia no Brasil passa por um reavivamento, principalmente a a partir das investigações sobre questões educativas baseadas nas contribuições do materialismo histórico e dialético. Tais estudos convergem para a formulação de uma teoria crítico-social da educação a partir da crítica política e pedagógica das tendências e correntes da educação brasileira.

De volta ao Blog

Agora com um Plano de estudos dirigido, e com as folguinhas que descobri possíveis (mesmo com esse ritmo enlouquecido!!!) volto às postagens no meu Blog...

A graduação vai bem obrigada!!

Encontrei finalmente o que queria, estou extremamente feliz por isso!

Novos desafios pela frente, e me vi diante de rumos, de escolhas, de decisões precisas.

Agora minha nova mochila se chama MONOGRAFIA...

é meus amigos, aquela que assombra nossos trabalhos de conclusão de curso...

Mas tudo bem, espero com o exercício de retomada das escrita no Blog, nas organizações do meu pensamento, criar mais e mais vínculos com a ferramenta WEB, e prometo vir aqui bem mais vezes, apesar do tentador Facebook me chamar mil vezes...

Então vamos lá, um novo diário de Bordo? Sim. A mesma professora? Claro!

O que muda afinal?

Pretendo responder isto no final do semestre, que aliás promete...

Esse ano foi bem estressante, tivemos disciplinas teóricas em PEEEESO!

Quatro da turma foram selecionados para concluir o curso em COIMBRA!!!

Alguns colegas já trancaram o curso...

Novos colegas, novas parcerias...enfim, novas emoções pela frente.


Aos poucos vou postando materiais, fotos e etc.

Estou feliz em voltar aqui, é um exercício muito importante.

Descrever o que fazemos e vivemos academicamente, se tornará minha meta até o final do curso.

Pode comentar a vontade!!!

Um beijo em todos!