Comentador: Ramon
Bem, dessa vez foi tudo no texto mesmo, sem slides, sem imagens, tudo na conversa direta.
Basicamente falamos da importância do jogo no processo de formação do ator a partir de pulsões criativas. Jogar como processo formativo também é teatro.
Sempre com a fisicalidade do espaço, procurar estímulos visuais para a montagem é tão importante quanto outros atributos ( sentimentos, sons) para despertar o sensível.
"Tudo na vida pode ser teatral. Pro autor isto é o jogo."
A escola tem seus a favor e contras em relação ao jogo cênico, talvez pelo fato do pedagogo não ser detentor absoluto do saber da psicologia, mas é praticamente impossível fazer teatro sem mexer na área . Trabalhar com psiquismo e emoção é mexer com o outro e com nós mesmos, nas mais diferentes áreas do inconsciente. No jogo há pulsão de vida e o processo terapêutico se encontra no próprio jogo.
"Nosso oficio é um grande jogo,não temos como fugir disto."
Na segunda parte da aula, a dinâmica do oculto teve seu prosseguimento:
Maira e Rafael: é, fui logo de primeira, não tive como escapar, e tentei organizar as imagens do dia em que pessoas vestidas de branco visitaram minha casa e coisas ocultas se revelaram em meus inexperientes 10 anos de idade, bem diante de meus olhos, e como tudo isso influenciou no nascimento do meu irmão caçula. Na seqüência, Rafa nos contou como foi o dia em que teve uma revelação visual de algo muito dolorido. Uma perda, que aconteceria num futuro não tão distante. Fiquei muito comovida.
Marckson e Carol: me fascina o modo como o Marck nos conta sobre suas raízes interioranas, "rasgação de sedas" a parte, o imaginário sempre foi algo muito forte em minha trajetória, e essa lenda conheci nessa aula. Ele nos fala sobre um tal homem de pernas muito compridas que vagava pelo rio próximo a uma ponte, nas noites de Quatipuru. Ainda criança, e ouvindo essas histórias na companhia de primos mais velhos, inevitavelmente ficou assustado e ao ir deitar, sua imaginação lhe pregou uma peça: uma pessoa ao passar próximo da fresta da janela de sua cozinha, e com a incidência da luz, provocou uma ilusão ótica de pernas maiores e esticadas, tal qual os primos tanto o aterrorizara, com a figura-mito que andava pelo rio. Tão grande foi o susto que só lhe restou gritar e acordar toda a casa. Em seguida, Carol nos contou que seus sonhos são reveladores. E em um deles teve a oportunidade de estar ao lado do pai, lanchar com ele, e se confortar em ouví-lo dizer que estava bem. Seu pai estava no hospital e partira para outro plano logo em seguida. Mas o que fica para ela, é a certeza de que seus sonhos são meios comunicativos ocultos, capazes de lhe confortar.
Carmen e Maurício: Foi meio confuso o contar da Carmen, só me lembro que era sobre sonhos, talvez porque o que o Maurício revelou à turma, foi tão forte, que eu realmente não lembro o que foi contado pela colega. Maurício acredita que o fato de desejar algo ruim à irmã, acabou acontecendo...Comoção geral. Eu realmente não estava preparada pra ouvir, talvez porque toda essa violência que lemos nos jornais e em todo canto, pareça distante de nós. O sentimento de culpa e intransigência é muito forte nele pelo ocorrido.
Ramon e Delianne: foram os últimos da noite, e apesar do clima que ficou, eles conseguiram uma concentração para "tocar" o exercício. Ramon nos falou sobre seu avô e mais uma vez sobre sonhos, e que em sua família os sonhos têm influência marcante. Depois do falecimento do avô, a avó do Ramon, durante a noite, sente a presença do falecido como se ele deitasse na cama ao seu lado e no dia seguinte ela vê uma figura desenhada na mesma cama, em cima do lençol. O avô dele era "maçon" . Deli nos falou sobre outro enigma: uma tia dela, no leito de morte, a chama e diz para que a cuidasse bem do pai dela, pois era o "cavalo branco" da família.