Kayo e eu: dia da apresentação
Descrição da direção de
Cena
Minha
dupla era com o Kayo. Ficou combinado que eu iria dirigir a cena dele e
vice-versa. Pois bem, em um primeiro momento, imaginamos “O vôo da estrela”.
Era
a estória de um menino que ao dormir, sonhava ser uma estrela que passeia pelo espaço
visitando vários cenários (montanhas, mares, desertos, geleiras, etc.)
Nesse
sonho ele podia voar. Após voar por todos esses lugares a estrela apaga e ele
acorda. Essa foi uma primeira dramaturgia, porém, descartamos, pois quando o
professor nos orienta, algumas coisas foram mudando, desde a imagem
disparadora.
No
jogo de palavras havia ação, devido o verbo “vôo”.
A utilização de um verbo acabou condicionando a história, e não era isso que
devia ser trabalhado. Abrimos para a turma onde outras propostas foram dadas
como por exemplo, “O Ronco da estrela”, cuja estória seria de um menino que
brilha onde não tem luz. Porém, nenhuma das propostas agradou o Kayo.
Já
em outro momento, pude interferir mais enquanto diretora, e ao consultar
novamente o professor, nasceu outra imagem disparadora. Chegamos na “Estrela Insônia”. A proposta começou a
fazer mais sentindo ao que Kayo havia imaginado.
Partindo
dessa ideia conversei com o Kayo perguntando quem seria esse objeto. Imaginamos
um objeto com luz, onde o grande conflito seria a dificuldade dele em dormir.
Esse objeto nasce e ao passar dos anos tenta de todas as formas dormir, mas não
consegue. A partir daí conseguimos iniciar a narrativa para a cena.
A Narrativa
Era
uma vez uma lanterna que nasceu em uma fábrica da cidade. Sua lâmpada era forte
e iluminava tudo por onde passava. Esta lanterna percebe que durante a noite,
as coisas ao seu redor ficam quietas e adormecem. Porém, a lanterna não
consegue fazer o mesmo.
Ao
longo da vida ela vai buscando modos de dormir, mas nada que faça, a faz
adormecer. De repente, percebe que, aquilo que a deixa acordada é a própria luz
que emite. Quando ela finalmente consegue apagar esta luz, ela dorme. Porém, é
o fim de sua vida.
A Técnica e os
materiais pensados
Esse
objeto seria uma lanterna de pilhas. O momento que nasce é o momento que ela
ascende e daí em diante ela não consegue mais apagar. Isto seria manipulado com
as mãos, pelo ator.
O
que pensamos como referencial metafórico, foi o simbolismo da vida e de que só
realmente descansamos quando morremos. Usando a lanterna, nosso objetivo era
comparar com as fases da vida, começando com um recém-nascido, cheio de
energia, passando pela velhice com as luzes enfraquecendo, e por fim, a morte,
no momento em que se apaga.
No
momento em que a lanterna se apaga, recorremos à luz negra. Para o surgimento
de um cenário fluorescente, dando a ideia de sonhos.
Para
o cenário foi pensado objetos feitos com papel, como estrelas, pássaros e
outros detalhes, que remetem ao paraíso, idealizado pelo homem, após a morte.
Orientei
o Kayo a utilizar um pano de TNT preto com pinturas fluorescentes e com algumas
aplicações feitas de papel branco como estrelas recortadas ou mesmo origamis de
pássaros.
Nesse
momento é como se a lanterna finalmente tivesse conseguido descansar e pudesse
sonhar em paz. A cena termina com a lanterna deitada e uma música de ninar ao
fundo, indicando que finalmente ela pode descansar em paz e dormir feito um
bebê.
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