É a hora do Ângelus.
O sol vai desaparecendo por trás da montanha no horizonte.
Sentado numa cadeira de balanço, no pátio do chalé, o velhinho – cabelos brancos, olhos fundos, quase sem enxergar, o rosto sulcado de rugas e as mãos trêmulas – dirige o olhar para o monte longínquo, que surge enevoado aos seus olhos (também os seus cabelos foram tingidos pelas neves dos anos...).
...quantos anos se passaram na ampulheta da vida.
Ele recorda os idos de sua infância, quando corria nas campinas verdejante, perseguindo as borboletas, tocando o gado para o curral, soltando os seus enormes papagaios coloridos que subiam, subiam mais alto que a montanha.
Depois, veio a juventude, o amor, os bancos acadêmicos, a realização de todos os seus sonhos dourados.
Foi feliz? Sim, foi feliz e a vida lhe sorriu.
Jamais sentiu no coração o travo amargo das desilusões.
Sua existência foi como um dia de sol, cheio de alegria, de luz, de calor, de energia.
Agora o sol está no poente, e ele sente que em breve mergulhará nas trevas da noite.
Assim sua vida, se esvai pouco a pouco, engoljando-se lentamente no acaso dos anos.
Texto de Pedro Tupinambá, meu avô, imortal da academia paraense de letras
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